21.9.12


 
Marco um afastamento: algo como uma delimitação territorial. Resisto rumos em ramos como o exagero dos plurais. No entanto, se me pergunto porque prescindir de equidade, uma suspeita de que não escapo nunca me força certa estratégia, que empreste precisão para que eu respire pedra, muda, sem ser: para que eu o seja.
Escrevo resisto a um certo corpo que se escreve: da melodia à medula, o hábito censurar a óbvia ossatura. Da modulação de “abstrata palavra”, de um vocábulo projetado a partir de um fêmur, a composição de anatomia oblonga e semântica distorcida.  É que me desconserto? Ou me desconcentro? É tanta anti-matéria que se apossa de mim!
 
Teu riso irrompe a superfície intervalar. Que alívio medrar meadas, salto no mar aéreo de palavras: sorver a frase, suspirar ao fim de estrofes! Toco a rima,  pronuncio cada sí-la-ba.  Eu o conservo, no teu-meu invólucro, enquanto vou ficando mais corpórea.

A que se deu esse revés? que o verso trocado em nervo a nada serve! Por nossas filiações seguimos, não servos um do outro. Mas talvez, à tua negligência, fizemos uma fundação discreta e se escoará, em algum lugar, onde alguém aciona teclas de cordas percutidas por martelos de feltro. Isso provoca atrito com o ar.  Partículas ondulam umas sobre as outras e, encontrando o obstáculo, voltam reverberando ao redor! Resistirei ao gesto suspenso na órbita? meus olhos.  
Tendo lembrado que fui corpo uma vez, recomporia-o só pra ver como a palavra vibra quando sonora. Talvez ser pedra, densa e sólida, que absorveria todo o som,  nada se dispersaria! Acusariam-me déspota de pretensões artísticas? Uma farsa?

Mas eis que herdo não um aprendizado,  são amontoados de esquecimentos. Antes fossemos atores, represento textos cômicos, ora trágicos. E não sendo, por nossas filiações, seguimos, membros da confraria do palco, mas pelo ofício ainda mais dispersos. E, percebendo-me quase entregue ao choro de quem em vez de ganhar perde, quando fico mais propensa a todas mistificações, sabendo que nunca mais poderia encará-lo do mesmo modo, impostarei minha voz, num canto em tom discordante e de esgar, mas com palavras que sejam corpo, fogo e luz.

1 Comments:

Blogger Um brasileiro said...

OLA. TUDO BLZ? ESTIVE AQUI DANDO UMA OLHADA. INTRERESSANTE. APAREÇA POR LA. ABRAÇOS.

segunda-feira, outubro 29, 2012 3:26:00 PM  

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