30.5.07

tenho uma pequena casa construida de galhos no recanto de um bosque. os espaços são poucos e ociosos, as folhas secas deixam-se ficar preguiçosas no chão quente da terra; eu escuto um silêncio de passos pequenos dos pássaros que passam e fogem pro céu.
tem as telhas de teias tão velhas e soltas que quase se esquecem de abrigar-me do sol; tanta chuva, caindo no meu chapéu... tantas luas prateando os meus pés.
enquanto ela se esfuma, e as horas envelhecem, sou tão velha e sem proposito quanto esta casa, que julgo tê-la enquanto ela me tem; como ela, preciso de bengalas, para sustentar-me os pilares, tão frágeis. os ossos me doem, talvez por ter te secado, raízes.
tantos anos sonhando o mundo como os ventos nas árvores, zumbindo alto nos meus ouvidos, cervos atropelando a poeira, pássaros fugindo; e eis que o mundo era um senhor de idade, fugindo do tempo, anotando tudo num pequeno caderno pautado.