19.1.08

estendo o meu corpo na calçada numa noite de tempestade, pra ver depois da chuva a marcha das nuvens esparsas, esparramadas. O que me encanta então é fúria, as sulfurosas nuvens que se erguem feito torres, apartadas, perdidas. E os restos de chuva parecem com infinitos vagalumes a espreguiçar-se desajeitosamente numa ida e vinda, como a tombar no chão e retornar ao ar... Quando a noite oscila suas palpébras e eu permaneço curvada sobre este chão de puro aço, todo o corpo enrijece com o asfalto; também os homens.
fomento horas no vento ate secar meus farrapos e os meus pés parecem águias traçando destinos nos fios; como pés arrastando-se pelo calçamento. Mas as nuvens ainda testemunham o mundo e contemplam oceanos, como se não fosse noite, como se não houvesse horas; embora nós já tenhamos sido arrastados pelo tempo.