26.9.07

entretanto,
antes que viesses com seus passos estranhos, junto aos meus
pondo tudo em confronto,
transformando tudo em amontoados de ruínas -
eu era como todos os outros.
é porque através disto que eu me torno um outro.
Essa singular diferença me foi revelada inesperadamente:
ate este instante ela permanecia oculta,
pela instável embriaguez a que cheguei
(iludindo-me que podia ocultar tudo para sempre)
com a tua presença.

"Quem me tornou desse jeito (coisa maravilhosa!)
estava próximo de mim.
E me distraiu com a intensidade e o sabor indizível
que o seu gesto deu as minhas horas.
o medo de nao te ter mais do meu lado,
onde tu és meu amigo, mais jovem, porém, e viçoso
como um menino, e mais maduro e potente
como um pai que não sabe o quanto é divino
o seu simples membro -
são bem diferentes da consciência
de te perder por tanto tempo, talvez para sempre.
é a consciência da perda
que me dá a consciência desta mudança absurda.
que acontecerá desta noite em diante?
a dor da despedida se defronta
com este sentido trágico de um futuro
a ser passado (...)

e o que respondem, em silêncio,
a tudo isto
os teus olhos gentis e obscuramente impiedosos
(ou já distantes?)a tua intenção
é talvez a de
me empurrar até a estrada, até o fim?

queres dizer que, quanto à dor da separação,
eu poderia encontrar alguém que pudesse te substituir,
e recriar em mim aquêles sentidos de ternura e gentileza
nascidos há tão pouco e interrompidos tão bruscamente?


(...)mas agora,
neste adeus, nao só
me precipito para trás
mas muito mais atrás.



(teorema.)